No guia, Simone Sgarbi, idealizadora do Investir, eu?, explica como tornar a
relação com o dinheiro mais saudável desde a infância
Educação financeira não é só para adultos. Tanto que o assunto foi incorporado, a partir
deste ano, como um tema transversal na grande curricular das escolas, conforme as
diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A necessidade de ensinar, desde a
infância, a importância de utilizar o dinheiro com consciência salta aos olhos ao observar,
por exemplo, que 67% dos brasileiros possuem algum tipo de dívida, segundo a PEIC
(Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) de agosto.
Para descomplicar o assunto Simone Sgarbi, especialista em organização financeira pessoal
do Investir, eu?, preparou um guia com 5 dicas para começar a estimular hábitos financeiros
saudáveis nos pequenos.
1. Os estigmas sobre dinheiro
A educação financeira não deve se restringir ao ambiente escolar, o ideal é que o assunto
seja abordado em casa com naturalidade. Dinheiro não deve ser tabu, pois isso gera adultos
sem organização financeira. Preceitos financeiros como "Dinheiro não traz felicidade",
"Pessoas gananciosas são ruins", "Se ficou rico coisa boa não fez" podem dificultar a relação
das crianças com o dinheiro. Cuidado para não repetir essas frases na frente delas.
2. Torne a criança consciente do planejamento financeiro familiar
É importante que a criança saiba que há um planejamento financeiro em casa. Que os
adultos da casa se reúnem regularmente para organizar as contas e fazer planos para
realizar sonhos. Aprendemos por imitação desde que nascemos, então, se a criança cresce
com esses hábitos, ela os incluirá em sua rotina.
3. Não complique
Os conceitos de educação financeira são bem simples, os adultos que os tornam complexos.
Para que as crianças absorvam essas noções basta mudar os nomes das coisas, tornando
tudo mais lógico e de fácil entendimento. Você pode separar por caixinhas, como por
exemplo:
Liberdade financeira - Galinha dos ovos de ouro
É aquele dinheiro que fica trabalhando para você, enquanto você está dormindo, brincando
e estudando. Esse dinheiro será reservado para investimentos que gerem renda passiva
(ovos de ouro). Se manter a galinha viva e bem cuidada terá ovos para sempre.
Planejamento de metas – Potinho dos sonhos
O objetivo é ensinar seus filhos a definir sonhos e transformá-los em metas claras, com
prazo para acontecer, custo definido e o porquê de querer aquilo, além de estimular a paciência e disciplina para poupar. Assim, você transformará seu filho em um adulto mais
forte emocionalmente.
Controle do orçamento – Caixinha da diversão
É o dinheiro que a criança pode gastar sem culpa e experimentar, desde cedo, a sensação
de ter dinheiro para se divertir disponível, por ser organizado com suas finanças. É
fundamental reforçar esse conceito para evitar uma vida adulta infeliz, destinada só a pagar
contas e esquecendo das coisas que te dão prazer. A vida não é só pagar boletos, mas você
precisa se organizar.
Doação – Doação
Essa palavra nem precisa de sinônimo, mas é um conceito que deve ser ensinado desde
pequeno. A criança pode doar o dinheiro para alguma instituição ou comprar algo para doar.
O essencial é que ela doe de coração e sem esperar nada em troca. Você vai ver a sensação
boa que ela vai ter ao ver que conseguiu ajudar alguém. Nasce assim um adulto mais
generoso, capaz de sentir empatia, enfim, uma pessoa legal.
Faça um controle mensal dessas caixinhas e converse sobre as suas caixinhas também, a
cumplicidade familiar é um dos maiores fatores de sucesso no planejamento financeiro.
4. Ensinamentos diferentes para cada fase da vida
Respeite o desenvolvimento da criança, orientando-a financeiramente de acordo com a sua
idade. Por exemplo:
o 2 anos: mostre que ela não pode rasgar o dinheiro e que deve ser guardado no lugar
certo;
o 4 anos: incentive a negociar nas lojas, entregar o dinheiro, receber o troco - Isso fará
com que ela comece a entender o processo de troca;
o 6 anos: entregue pequenos valores no mercado para que ela mesma escolha
compras - Permitirá que ela comece a ter noção de caro e barato;
o 8 anos: Defina uma ‘semanada’ dentro da realidade financeira de vocês. Ela
gerenciará durante aqueles dias o dinheiro do lanche ou da figurinha, por exemplo.
A ‘semanada’ pode tomar como base a idade da criança, como regra geral, mas é
importante verificar se faz parte da realidade da família.
5. O que os pais falam X o que fazem
Fique atento e não cometa os erros abaixo:
● Achar que é cedo para falar sobre dinheiro;
● Dar as coisas antes da criança pedir;
● Não explicar como as coisas são feitas;
● Pagar por atividades domésticas;
● Não saber dizer ‘não’.
Ainda segundo a especialista. A maior dificuldade são as crenças e valores. “As crianças
observam muito mais as ações dos pais do que seus discursos, então, não adianta falar que
não pode comprar um brinquedo porque está economizando e, pouco tempo depois, chegar
com compras em casa. Crianças têm um raciocínio lógico e coerente, por isso, seja o mais
sincero e transparente possível ao responder perguntas que envolvam questões
financeiras”.
Simone Sgarbi
O ponto de virada na vida de Simone Sgarbi aconteceu em um momento em que ela estava
sufocada em múltiplas dívidas. Então, pensando em estratégias para sair desse ciclo, ingressou no mundo da educação financeira e, não apenas reverteu sua situação, passando
de devedora a investidora, como criou o Investir, eu?, que ajuda outras pessoas a se
planejarem financeiramente e a investir.
Especialista em organização financeira pessoal, com formação na FGV (Fundação Getúlio
Vargas), no curso Como organizar o orçamento familiar, e Anbima (Associação Brasileira
das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), nos cursos Mercado financeiro de A
a Z e Planejamento de Investimentos, atualmente Simone também promove o Círculo de
Educação Financeira que, por meio de pequenos grupos e grade de estudos personalizada,
dispõe às pessoas conhecimentos e ferramentas exclusivas para melhorar sua relação com
o dinheiro.
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